É inegável que o mercado de trabalho está em profunda restruturação e que muitas das profissões que já existiram, hoje desapareceram.
Além disso, muitas outras surgiram e outras tantas vão ainda ser criadas — o Fórum Económico Mundial concluiu, em 2018, que a tecnologia poderá criar 133 milhões de novos postos de trabalho até 2022.
Esta tendência é confirmada também pelo estudo da norte-americana Dell em conjunto com o Institute For The Future (IFTF) e um painel de especialistas do meio tecnológico, empresarial e académico que afirma que 85% das profissões que vão existir em 2030 ainda não foram inventadas.
Além disso, este estudo conclui também que as tecnologias emergentes estão a permitir que as pessoas e comunidades ao redor do globo procurem e concretizem novas formas de trabalhar, mais criativas, significantes e equitativas. O mesmo estudo indica ainda que, devido ao imenso impacto da tecnologia, o mercado de trabalho irá sofrer na próxima década três principais transformações:
- 67% dos líderes empresariais espera usar as novas tecnologias para criar oportunidades igualitárias, removendo o julgamento humano do processo de tomada de decisões;
- 86% dos empresários espera utilizar as tecnologias emergentes para melhorar a produtividade;
- 70% da comunidade empresarial está receptiva à criação de parcerias entre pessoas e máquinas/robots, de forma a superar as limitações humanas.
Daqui se conclui que não são apenas as profissões que vão mudar mas sim a própria natureza do trabalho e, para o Fórum Económico Mundial, esta mudança de paradigma já tem nome: é a Quarta Revolução Industrial, impulsionada por tecnologias disruptivas como a automação, a inteligência artificial, a robótica, a realidade virtual ou o machine learning.
Por isso mesmo, o domínio destas competências passará a ser um fator amplamente diferenciador e fará a diferença no sucesso profissional de quem agora as aprende — um estudo do McKinsey Global Institute, instituição fundada por uma das maiores consultoras mundiais, aponta que, entre 2016 e 2030, a procura por profissionais com competências avançadas em programação e novas tecnologias poderá aumentar até 90%.
Uma investigação desenvolvida, em 2018, pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE) — organismo intergovernamental de que Portugal faz parte — produziu também dados concretos: em média, 14% dos empregos existentes nos países da OCDE serão automatizados e outro terço das profissões poderá enfrentar mudanças profundas na forma como são executadas.
Nesta perspectiva, há outro ponto importante que importa sublinhar: as tarefas relacionadas com matemática, ciência e engenharia estão vulneráveis a esta automação (ao invés de empregos na área do Direito e da Saúde, por exemplo) e, por isso, tem de haver também um foco grande nas soft skills e outras competências transversais.
Embora as competências tecnológicas e digitais sejam o maior diferencial, há outras valências que não podem ser negligenciadas quando se olha para o presente e para o futuro: a comunicação, a interpretação, o pensamento crítico e a capacidade de criar e inovar. Neste sentido, é seguro afirmar que os novos empregos que vão surgir, impulsionados pelo uso crescente da tecnologia em tarefas rotineiras, vão exigir ainda competências sociais, lógicas e comportamentais que complementem as habilidades mais técnicas. David Deming, professor de Economia e Educação em Harvard, aponta duas aptidões preponderantes que os profissionais deverão privilegiar no futuro: a capacidade de partilhar e a capacidade de negociação.
Já um estudo de 2016 levado a cabo pela consultora Deloitte do Reino Unido e a Universidade de Oxford mapeou as “habilidades essenciais” para o futuro e a conclusão corrobora tudo o que apresentámos até agora: a capacidade de comunicação, o pensamento crítico, a identidade visual e o raciocínio lógico vão tornar-se ainda mais importantes no futuro.
Em suma, os profissionais de sucesso do futuro não são apenas aqueles que dominam a tecnologia; são também aqueles que privilegiam três verbos — relacionar, comunicar e pensar.
Quando afirmamos que a Assembly tem uma metodologia inovadora e transdisciplinar, é disto que falamos. É verdade que o nosso foco é a tecnologia e privilegiamos áreas como a Robótica, o Design, a Programação e o Gaming. Porém, trabalhamos também de forma sistemática competências como o trabalho de equipa, o pensamento crítico, a curiosidade, a capacidade de resolver problemas, a autoconfiança — áreas que estimulamos através dos inúmeros projetos práticos que os Assemblies desenvolvem em diferentes áreas tecnológicas.
Aqui, os alunos aprendem, programam e jogam mas também experimentam, criam, discutem, inovam, brincam, erram e acertam. Estimulamos a tentativa-erro, promovemos a descoberta, apelamos à autonomia e a que, antes de pedirem ajuda a um professor, peçam ajuda uns aos outros, construindo e pensado em conjunto.
Por tudo isto, quando assumimos como missão formar os líderes de amanhã, adotámos também a tecnologia como algo mais complexo do que uma mera ferramenta: consideramo-la o motor que estimula o raciocínio lógico, potencia a autonomia e oferece novas formas de pensar e fazer, essenciais ao futuro que está a acontecer hoje, no presente. Só a combinação destes dois universos — de um lado, a tecnologia, do outro, as competências transversais — poderá trazer um futuro sorridente a todos os que dão agora ou irão dar brevemente os primeiros passos no mercado de trabalho.
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